O Que Se Faz Numa Consulta de Oftalmologia?
Em uma consulta oftalmológica, o médico realiza uma avaliação completa dos olhos com testes de visão, exames clínicos, medição de pressão ocular, verificação da retina e análise do estado geral da saúde ocular. Mais do que verificar o grau, o atendimento pode identificar doenças como glaucoma, catarata, retinopatia diabética e até sinais precoces de hipertensão e diabetes.
Se você nunca passou por uma avaliação oftalmológica completa ou tem dúvidas sobre o que acontece durante essa consulta, continue lendo. Este conteúdo vai além do básico e explica tudo com profundidade, clareza e uma abordagem realista, para você entender como a sua visão pode refletir seu estado de saúde geral.
Por que consultar um oftalmologista regularmente é essencial
A consulta com um oftalmologista não é apenas para quem sente dificuldade para enxergar. Mesmo pessoas com visão considerada perfeita devem consultar esse especialista. Muitos problemas oculares não apresentam sintomas nos estágios iniciais. Quando os sinais aparecem, o comprometimento visual já pode estar em um estágio avançado e irreversível.
O oftalmologista é capaz de diagnosticar doenças silenciosas, como o glaucoma, que rouba a visão de forma lenta e sem dor. Também pode detectar sinais de doenças sistêmicas graves, como diabetes, hipertensão, doenças renais e neurológicas. Isso acontece porque os olhos, por meio de um simples exame de fundo, revelam muito mais do que se imagina.
Para quem usa óculos ou lentes, manter o acompanhamento regular é ainda mais necessário, já que os graus podem mudar com o tempo, principalmente na infância, adolescência e após os 40 anos.

Com que frequência devemos fazer uma consulta oftalmológica
A frequência das consultas varia conforme a faixa etária, o histórico de saúde e os fatores de risco individuais. A tabela a seguir mostra uma recomendação geral, que pode ser adaptada conforme orientação médica.
Frequência ideal de consultas oftalmológicas por idade:
| Faixa Etária | Frequência Recomendada |
| Bebês (0 a 2 anos) | Ao completar 6 meses e depois aos 2 anos |
| Crianças e adolescentes | Uma vez por ano, especialmente em idade escolar |
| Adultos até 40 anos | A cada dois anos, se não houver sintomas |
| Acima de 40 anos | Uma vez ao ano, devido ao risco de presbiopia e outras doenças |
| Diabéticos, hipertensos, miopia alta | Pelo menos uma vez ao ano |
Como é a estrutura de uma consulta oftalmológica completa
Começa com uma conversa: a anamnese
O primeiro passo é ouvir o paciente. O médico faz perguntas sobre a saúde visual, hábitos de vida, uso de telas, medicamentos em uso, doenças anteriores e histórico familiar de doenças nos olhos. Esse momento é importante para direcionar os exames e personalizar o atendimento de acordo com o perfil da pessoa.
Algumas perguntas comuns incluem:
- Você sente dor nos olhos ou dor de cabeça frequente?
- Já usa óculos ou lentes de contato?
- Percebe dificuldade para enxergar de longe ou de perto?
- Há casos de glaucoma ou catarata na sua família?
- Você já teve diabetes, hipertensão ou colesterol alto?
Essas respostas ajudam o especialista a entender o contexto do paciente e identificar possíveis fatores de risco.
Teste de acuidade visual
É a famosa leitura das letras na parede. Parece simples, mas esse exame revela muita coisa. Ele mede o quanto você consegue enxergar de longe e de perto, com e sem óculos, determinando se há perda de nitidez.
Com esse teste, o médico pode identificar erros de refração, como:
- Miopia (dificuldade para enxergar de longe)
- Hipermetropia (dificuldade para enxergar de perto)
- Astigmatismo (visão distorcida em todas as distâncias)
- Presbiopia (vista cansada, comum após os 40 anos)
Refração: o exame que determina o grau
Depois do teste de visão, é realizada a refração. Com aparelhos eletrônicos e testes manuais, o médico ajusta diferentes lentes até encontrar o grau ideal para corrigir a visão do paciente.
É aqui que são determinadas as prescrições para óculos ou lentes de contato, considerando também o conforto visual e o estilo de vida da pessoa.
Verificação da pressão intraocular
Esse exame é rápido e fundamental. A pressão dentro dos olhos é medida com um aparelho chamado tonômetro. Existem versões com sopro de ar e outras mais precisas que encostam levemente no olho após o uso de colírio anestésico.
Esse teste é essencial para diagnosticar o glaucoma. Se a pressão estiver elevada, o médico pode solicitar exames complementares para investigar melhor o quadro.
Avaliação da motilidade ocular
Você já viu o médico pedir para você acompanhar a caneta com os olhos? Isso faz parte do exame da motilidade ocular. Ele avalia o movimento dos músculos que controlam os olhos, ajudando a identificar desalinhamentos, estrabismo e dificuldades de foco.
Em crianças, esse exame é ainda mais importante, pois pode identificar problemas precoces que afetam o desenvolvimento visual.
Exame de fundo de olho
Talvez o exame mais rico em informações. Para realizá-lo, o médico dilata as pupilas com colírios específicos, espera alguns minutos e, com a ajuda de lentes especiais, observa a parte interna dos olhos.
Durante o exame de fundo de olho, é possível analisar:
- A retina
- A mácula (região responsável pela visão central)
- O nervo óptico
- Os vasos sanguíneos oculares
Esse exame permite identificar lesões causadas por diabetes, hipertensão, tumores, inflamações e até alterações neurológicas. É um exame essencial para diabéticos e idosos, e costuma ser solicitado anualmente.
Mapeamento de retina
Mais detalhado que o fundo de olho comum, o mapeamento permite visualizar áreas periféricas da retina, sendo indicado em casos de miopia alta, risco de descolamento de retina, diabetes ou queixas visuais mais específicas.
Biomicroscopia com lâmpada de fenda
Através de um aparelho que funciona como um microscópio com luz especial, o médico examina a parte anterior dos olhos, incluindo córnea, íris, cristalino, conjuntiva e pálpebras.
Com esse exame é possível diagnosticar:
- Catarata
- Ceratocone
- Uveítes
- Conjuntivites
- Olho seco
Exames complementares mais comuns
Em alguns casos, o oftalmologista pode solicitar testes adicionais, como:
Campimetria visual
Avalia o campo de visão e detecta perdas periféricas, comuns no glaucoma e doenças neurológicas.
Tomografia de coerência óptica (OCT)
Gera imagens em alta resolução das camadas da retina e do nervo óptico, sendo fundamental para o acompanhamento de degenerações, edemas e glaucomas.
Topografia corneana
Mapeia a curvatura da córnea. Essencial para diagnosticar ceratocone e planejar cirurgias refrativas.
Angiografia fluoresceínica
Visualiza a circulação sanguínea na retina, usada principalmente em casos de retinopatia diabética e degeneração macular.
Doenças mais comuns detectadas em uma consulta oftalmológica
| Doença | Descrição |
| Glaucoma | Perda progressiva e silenciosa da visão por pressão ocular elevada |
| Catarata | Turvação do cristalino, causa perda gradual da nitidez |
| Retinopatia diabética | Complicação do diabetes que atinge os vasos da retina |
| Degeneração macular | Afeta a mácula e prejudica a visão central |
| Ceratocone | Afinamento e deformação da córnea, causa astigmatismo irregular |
| Conjuntivite | Inflamação da conjuntiva, pode ser infecciosa ou alérgica |
| Uveíte | Inflamação interna do olho, pode estar associada a doenças autoimunes |
| Neurite óptica | Inflamação do nervo óptico, comum em esclerose múltipla |
Novidades tecnológicas que estão transformando as consultas
A tecnologia trouxe avanços que tornam a consulta oftalmológica mais precisa, confortável e eficaz. Veja alguns destaques atuais.
Uso de inteligência artificial
Softwares baseados em IA já são capazes de analisar imagens da retina e auxiliar na triagem de doenças como retinopatia diabética e glaucoma. Isso acelera o diagnóstico e reduz erros humanos.
OCT de última geração
As novas versões do exame de tomografia óptica têm definição superior e detectam alterações milimétricas com alta confiabilidade.
Telessaúde oftalmológica
Com a expansão da telemedicina, pacientes de regiões afastadas conseguem realizar triagens iniciais à distância, com encaminhamento para o atendimento presencial quando necessário.
Lentes inteligentes e biossensores
Em desenvolvimento, essas tecnologias permitirão monitorar doenças oculares em tempo real, usando sensores incorporados a lentes de contato.
Quando procurar o oftalmologista com urgência?
Alguns sinais indicam a necessidade de atendimento imediato. Se você sentir qualquer um dos sintomas abaixo, não espere.
- Perda repentina da visão
- Dor ocular intensa
- Visão de manchas escuras, flashes ou sombras
- Olhos muito vermelhos e lacrimejando
- Visão duplicada ou embaçada sem explicação
- Sensação de corpo estranho persistente
Como se preparar para a consulta?
Uma boa preparação faz toda a diferença. Veja como tornar sua visita ao oftalmologista mais produtiva.
- Leve seus óculos antigos e receitas anteriores
- Anote os medicamentos que usa com frequência
- Descreva os sintomas com clareza e quando começaram
- Leve exames antigos, se tiver
- Evite ir de carro se for realizar dilatação de pupilas
- Leve acompanhante, se necessário
Conclusão
A consulta oftalmológica vai muito além de testar a visão. Ela é uma verdadeira investigação da saúde ocular e pode revelar sinais importantes sobre o funcionamento do seu corpo como um todo.
A prevenção ainda é a melhor forma de manter a saúde visual. Consultar o oftalmologista regularmente reduz riscos, preserva a qualidade de vida e, em muitos casos, evita problemas irreversíveis.
Se você ainda adia essa visita, talvez seja hora de enxergar essa consulta com outros olhos. Literalmente.
